segunda-feira, novembro 21, 2016

Como as Grandes Petrolíferas (Big Oil & Gas) beneficiam do Alarmismo do Aquecimento Global



Larry Bell – Forbes – 22/5/2012

Considero um pouco cómico quando cientistas e outros que expressam publicamente cepticismo sobre uma ameaça de catástrofe provocada pelo aquecimento global são acusados de estar no bolso do Big Oil [expressão usada para descrever as sete ou oito maiores empresas de petróleo e gás do mundo]. Estamo-nos a referir a petróleo e gás... Principais matérias-primas comerciais de que todo o mundo depende desesperadamente. Alguém imagina que as grandes petrolíferas estão muito preocupadas com a concorrência das "alternativas renováveis" não-fósseis, como o etanol [biocombustível produzido, geralmente, a partir do milho, cana-de-açúcar, mandioca ou beterraba], os moinhos de vento e os raios de sol? Alguém pensa realmente que os veementes ataques dos que querem regular os gases com efeito estufa sobre a energia a carvão não são senão uma bênção para as grandes petrolíferas?

Comida ou Combustível?

8 alqueires de milho = 21,6 galões (81,6 litros) de Etanol ou comida suficiente para alimentar uma pessoa durante um ano. Quase mil milhões de pessoas vão passar fome esta noite, e, no entanto, os Estados Unidos irão transformar quase 5 mil milhões de alqueires de milho em etanol. Seria o suficiente para alimentar 412 milhões de pessoas durante um ano inteiro. Tudo isto para "combater o Aquecimento Global".

Em primeiro lugar, em relação a esse etanol "verde", repare-se que, na realidade, o etanol produz pouco ou nenhum ganho líquido de combustível. Se tomarmos em conta todo o gasóleo necessário para alimentar os tractores que são necessários para plantar, fertilizar e colher o milho, juntamente com a energia necessária para o transformar em álcool. Por isso, para aqueles que estão preocupados com o Aquecimento Global, depois de se contabilizar todas as emissões de CO2 libertadas na produção e queima do etanol em veículos, não há grande diferença, se houver alguma, em comparação com o petróleo que seria queimado. O que deveria importar a toda a gente, no entanto, é que o etanol tem uma densidade de energia muito menor do que a gasolina, o que significa que produz menos quilómetros por litro.

E embora o etanol não tenha nenhuma conexão racional com o clima, tal não significa que as grandes petrolíferas tenham algum problema em aderir à "Onda Verde". Por exemplo, a Koch Industries [um dos maiores oligopólios dos EUA], através das suas subsidiárias - Flint Hill Renewables e Koch Supply & Trading, comprou várias refinarias de etanol no estado de Iowa e, juntamente com a sua refinaria de Minnesota, terá capacidade de abastecer cerca de um décimo do mercado norte-americano.

Como Brad Razook, presidente do Flint Hills Renewables, comunicou aos seus funcionários num boletim informativo da empresa: "Os novos mercados ou mercados emergentes, como os combustíveis renováveis, são uma oportunidade para criarmos valor dentro das regras que o governo estabelece". Continuando: "Afinal, a produção de etanol é fortemente subsidiada, mandatada e protegida".

Porquê perder a oportunidade de ganhar dinheiro misturando petróleo com álcool feito de cereais... pelo menos enquanto os eleitores forem suficientemente ingénuos para tolerar esta loucura do Estado Federal, e os contribuintes e os consumidores se puderem dar ao luxo de pagar os custos adicionais?

O combustível "verde" Etanol é produzido com 1/5 de Milho e 4/5 de Petróleo

No fim de contas, a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) não quer refinarias de petróleo a ganhar muito dinheiro, e está a fazer tudo para evitar que isso aconteça. Nos últimos seis meses, três refinarias que fornecem cerca de metade de toda a gasolina, diesel e combustível de aviões da Costa Leste dos Estados Unidos, foram fechadas em grande parte devido a custos excessivamente dispendiosos fruto de regras ambientais. A refinaria da Sunoco no nordeste, em Filadélfia, perdeu quase mil milhões de dólares US $ 1.000.000.000) nos últimos três anos depois de gastar mais de 1,3 mil milhões de dólares para fazer face a regras ambientais mais rígidas.

O gás natural dos Estados Unidos, extremamente abundante, representa uma alternativa cada vez mais atraente de longo prazo como combustível automóvel. Com base em benefícios climáticos teóricos, a EPA está a forçar activamente essa transição para uma alternativa "mais limpa". Impondo a autorização sob a Clean Air Act [Lei do Ar Limpo] para emissão de gás de estufa padrão nos veículos motorizados como um "poluente atmosférico regulamentado", a EPA propõe impor restrições de CO2 aos modelos automóveis de 2017 e mais tarde aos camiões leves.



Mas não seria de esperar que a EPA estivesse ciente de que o uso progressivo de gás natural irá encorajar mais fracking [fractura hidráulica - método que possibilita a extracção de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo], a fim de explorar as nossas enormes reservas de xisto de petróleo? Isto é algo que a EPA aparentemente não gosta nada. A sua última jogada é tentar ligar esta tecnologia, de segurança comprovada de seis décadas, à poluição da água potável.

A energia eólica também fornece uma enorme oportunidade de crescimento para o gás natural, um facto bem compreendido por T. Boone Pickens [um ex-homem do petróleo que se converteu em profeta das energias alternativas], que é, afinal, um homem muito inteligente. Lembram-se quando ele foi notícia no horário nobre em 2007, anunciando planos para construir o maior parque eólico do mundo nas suas terras, um empreendimento de 10 mil milhões de dólares e 2.700 turbinas capaz de produzir electricidade suficiente para suportar um milhão de casas?

Talvez também se lembrem que Pickens é um concorrente sério no negócio de gás natural. E uma vez que o vento é altamente intermitente, é necessária uma "turbina de reserva" com capacidade de energia necessária para equilibrar constantemente as flutuações na rede eléctrica. Isto envolve geralmente o uso ineficiente de turbinas a gás natural que estão conectados à rede eléctrica.

Conseguir uma rede equilibrada exige que, quando o componente de geração de energia eólica aumenta, as temperaturas das caldeiras de turbinas a gás tenham de ser reduzidas para manter a igualdade entre oferta e a procura. Isto envolve desperdício de calor para o arrefecimento, e depois mais desperdício para aquecer novamente o sistema sem realizar qualquer trabalho adicional. E uma vez que as reservas não param de consumir combustível enquanto a geração eólica está a ocorrer, qualquer poupança de energia ou redução de emissões de CO2 são em grande parte simples mitologia.

Quanto às exigências de fornecer electricidade aos milhões ou ziliões de lares, é preciso ter em mente que existe uma confusão cuidadosamente cultivada pela indústria para não diferenciar entre as capacidades teóricas totais máximas (tipicamente megawatts) e os verdadeiros quilowatt-hora conseguidos com base nas condições médias anuais de vento previstas para um determinado local.

A imprevisibilidade e ineficiência das Eólicas

O vento é intermitente, e a sua velocidade muda constantemente. Muitas vezes não está disponível quando é mais necessário, como durante os dias quentes de verão, quando a procura de ar-condicionado é mais elevada. A produção também varia muito de acordo com a localização, as características topográficas e a época do ano. Embora o Texas seja um dos estados de energia eólica mais produtivos, com uma média de cerca de 16,8% da capacidade instalada, o Electric Reliability Council of Texas [Conselho de Confiabilidade Eléctrica do Texas] atribui um valor de 10% [de confiabilidade na disponibilidade de electricidade] devido à imprevisibilidade. Apenas cerca de 20% dessa capacidade está geralmente disponível durante os períodos de procura de pico de carga (por volta das 17:00 h), enquanto a geração média durante os períodos fora do pico de carga gira em torno de 40% da capacidade.

A central fotovoltaica da Amareleja no Alentejo é a maior da Europa. Custou 261 milhões de euros e é tão ineficiente como as centrais norte-americanas.

Tal como o vento, a energia solar é uma opção não confiável, intermitente, dependente da localização, que é fundamentalmente influenciada pelas condições atmosféricas diárias e sazonais. E não se conte com ela para recarregar o automóvel ou ligar o portátil à noite. Além disso, uma vez que é a fonte de energia mais cara de todas, fornecendo actualmente apenas cerca de 0,01% da electricidade dos EUA, não se espere que ela altere significativamente o panorama de energia dos EUA em breve.

E quanto ao carvão? É aqui que a turba reguladora do aquecimento global da EPA está a fazer tudo o que pode para ajudar a rapaziada do Big Oil & Gas [Grandes Petrolíferas]. Mais uma vez, a EPA não é provavelmente o maior problema da indústria do carvão, e está apenas a acelerar o seu declínio inevitável. Um adversário maior está no mercado livre do gás natural: mais barato, mais limpo e mais abundante. Como Jone-Lin Wang, chefe de pesquisa de energia global para a HERA CERA [consultor líder em empresas de energia, consumidores, instituições financeiras e Governos], disse ao Wall Street Journal, "a maior ameaça ao carvão é, de muito longe, o gás natural".

O declínio inevitável do Carvão

Considerando que em 2003 o carvão representou quase 51% de toda a electricidade dos EUA, a sua participação no mercado caiu para 43% durante os primeiros nove meses de 2011. Em contraste, a participação do gás natural saltou de menos de 17% em 2003 para quase 25%. Com a ajuda entusiasta da EPA, o consumo de carvão do sector eléctrico deverá cair 2% este ano, e 4% no próximo ano. Especialistas prevêem que 10% a 20% da capacidade de geração de carvão terá terminado até 2016.

4 comentários:

Miguel disse...

Cientistas de todo o mundo mostraram claramente que a queima humana de combustíveis fósseis causa emissões de dióxido de carbono e que este dióxido de carbono causa o aquecimento do planeta e provoca danos ambientais. Se não houverem restrições, os danos ambientais serão cada vez maiores.

Anónimo disse...

Há interesses de biliões por detrás da histeria climática, mas também os há do outro lado.

Anónimo disse...

Diogo
Já ouviste alguém do IPCC pedir para acabarem com as guerras que por este mundo existem? Ou será que as guerras não provocam poluição?
Provavelmente como eliminam centenas de milhares de pessoas depois vai-se poupar aí...
Carlos

Diogo disse...

Miguel disse... «Cientistas de todo o mundo mostraram claramente que a queima humana de combustíveis fósseis causa emissões de dióxido de carbono e que este dióxido de carbono causa o aquecimento do planeta...»

Caro Miguel: Sim, há 2 nos EUA, 3 na Europa, 1 na Austrália e outro na Nova Zelândia. E nenhum destes demonstrou tão claramente como se diz...


Anónimo disse... «Há interesses de biliões por detrás da histeria climática, mas também os há do outro lado.»

Caro Anónimo: Curiosamente, e como o post demonstra, os interesses dos dois lados são os mesmos...


Carlos disse... «Provavelmente como [as guerras] eliminam centenas de milhares de pessoas depois vai-se poupar aí...

Caro Carlos: A eliminação de milhões de pessoas nas guerras diminui a emissão de CO2 e o aquecimento global... Os ursos polares vão ter de duplicar a camada de gordura se não quiserem estoirar com frio... Abraço.